50 questões |
A igreja luta contra a aids?
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A multiplicação da distribuição de preservativos aos jovens, não é, infelizmente, um meio eficaz contra a proliferação da AIDS: os estudos mostram que a multiplicação das relações sexuais, aumenta o cansaço no uso de preservativos. Pelo contrário, o desenvolvimento de um comportamento responsável, de uma ética do amor, é a melhor barreira contra a difusão da doença.
A Igreja luta contra
a AIDS apelando a esta ética do amor. Fala da beleza do amor humano:
não foi um cantor da moda, mas o Papa que disse: "0 homem não
pode viver sem amor... a vida é destituída de sentido se não
encontrar o amor, se não o tiver experimentado..." (Familiaris Consortio
nº 18)
A Igreja diz também que a sexualidade (a relação sexual)
é inseparável do amor, e que ela não significa muito
se não for acompanhada de um gesto de confiança, de
proteção. Não será um pouco estranho dizer: "Amo-te,
entrego-me completamente... mas, no entanto, não confio inteiramente
em ti e protejo-me". O que é que vocês pensam disto?
Os bispos franceses falaram várias vezes da AIDS. Conhecem bem as situações e o sofrimento que ela traz. Eles disseram, por exemplo: "Existem meios profiláticos (quer dizer de prevenção): é discutível reduzir a prevenção da AIDS unicamente à utilização do preservativo (09/01/89). Também o Cardeal Decourtray e o Cardeal Lustiger disseram claramente: "Não dêem a morte", porque acrescentam os bispos" o respeito pela saúde e pela vida dos outros é um valor moral capital".
Quanto aos doentes e aos "soropositivos", ou seja aqueles que são portadores do vírus sem os sintomas da doença, a Igreja acolhe-os e luta contra a sua exclusão social, organizando, por exemplo, centros de acolhimento como em Paris (Tiberíades), em Lyon, em Marselha ... e serviços adequados nos seus hospitais e clínicas: o serviço Jeanne Garnier em Paris, o centro Madre Teresa em Nova lorque...
Resumindo, a Igreja é a favor do Amor e da Vida. Para a prevenção, ela propõe uma estratégia de alcance mais eficaz que o preservativo, e mais digna do amor. Vale a pena tentar compreender!
O preservativo é apresentado correntemente como o único meio de prevenção contra a AIDS. Diante da impotência da medicina, que esperamos que seja apenas provisria, propõem-se meios aos jovens, que hoje não são reconhecidos como completamente seguros por alguns especialistas.Não será fazer da visão do amor subentendida por essas campanhas. Será o dom de si para a felicidade do outro - o que implica necessariamente compromisso e felicidade? Testemunho Michel e Jean, vocês têm 26 e 28 anos, podem contar-nos como é que se tornaram soropositivos? Michel : - Minha vida foi muito caótica. Penso que tudo começou quando tinha 16 anos: Depois de uma mudança de casa, de um dia para o outro, vi-me sem tudo o que fazia parte da minha vida: amigos, ocupações, etc. Comecei a entrar em depressão. As relações com os meus pais começaram a tornar-se cada vez mais difíceis e fechei-me completamente em mim mesmo. Depois, saí de casa e fui para Paris. Aí, comecei a freqüentar os bares, as saunas... encontrei homossexuais e deixei-me levar.
Jean : - Eu também deixei a família, um pouco sem pensar,
e fui trabalhar em uma estação de ski. Encontrei lá
uma moça que vivia em Paris. Apaixonei-me e quis ir ficar com ela.
Começamos a viver juntos. Como é que reagiram quando souberam?
Michel : - Para mim, foi um choque enorme. Há uns tempos que
pressentia que devia mudar de vida, mas ia-me deixando ir. Pensava que era
livre só porque podia fazer tudo o que queria. Então percebi
que essa pretensa liberdade ia me levar à morte. Vocês os dois reencontraram a fé. Como encaram o vosso passado? Michel : - Eu sei como cheguei até aqui: foi a solidão e o orgulho. De fato, eu procurava o amor. Mas segui o caminho errado. Desde a minha longínqua infância e porque sofri muito, me fechei em mim mesmo. Procurava o amor e ao mesmo tempo, tinha um medo terrível de o encontrar. Que relação tem o orgulho com tudo isto? Jean : - O orgulho fecha-nos em nós mesmos. Agora vejo que cada vez que tinha um problema, não falava porque pensava que iam rir de mim e então engolia tudo. Se tivesse de dar um conselho aos jovens, dir-lhes-ia para esquecerem o orgulho, para não carregarem tudo sozinhos, para não tentarem mudar o mundo. É uma ilusão. Quanto ao orgulho, o melhor é metê-lo num armário! E o que é que diriam aos jovens que recebem propostas de experimentarem drogas, por exemplo? Jean : - A droga e o álcool são a mesma coisa. Eu, por exemplo, comecei a fumar baseado bastante jovem, com 14 anos, e quando penso, vejo que foi aí que comecei a desleixar na escola. Durante toda a semana, só pensava no fim de semana, quando podia fumar um baseado e beber. E isto porque me trazia uma espécie de bem-estar, uma fuga. Mas é uma falsa fuga. Não é por isso que os teus problemas e a tua vida mudam! Michel : - Para mim, a droga era o sexo. Porque é de fato uma droga. Durante toda a semana eu só pensava na noite em que ia ter prazer e só vivia para isso. Eu sabia que isso me fazia mal, mas não podia fazer nada. Assim, como o Jean acabou de dizer, a primeira coisa a fazer, quando somos tentados por esse tipo de experiências, é falar. Procurar alguém em quem se tem confiança, uma pessoa de família, um amigo, um professor, e contar-lhe logo. Não ter vergonha, paciência se é assim! Porque sozinho é impossível resistir. E no entanto, deve-se ter a sensação de que não há saída? Michel : - Sim, sente-se que se está caindo num poço. Eu tinha vontade de morrer, mas continuava porque, afinal, tinha de ir até o fim. Mesmo se esse fim fosse a morte? Michel : - Precisamente porque era a morte. Ela aparece como a única libertação, visto que já não pode voltar atrás. E o que vocês pensam do homossexualismo? Michel : - Eu, agora, posso dizer que ele me destruiu. Será uma reação face ao perigo que me ameaça? Não sei. Você pensa que um homossexual pode mudar de tendências? Michel : - No meu caso, sim, porque com 16 anos eu tinha uma namorada. Só perto dos 18 anos é que comecei a andar com homens. E, a princípio, fazia-o mais como se procurasse um irmão mais velho do que outra coisa. Agora, penso que sexualmente, sou capaz de me apaixonar por uma mulher. E com o seu coração, você se acha capaz? Michel : - Sim, justamente, penso que tenho muito mais necessidade de amar uma mulher com o coração do que de qualquer outra maneira. E além disso, o que foi para mim mais doloroso quando soube que era soropositivo, foi saber que, provavelmente, não poderei ter filhos... Jean : - Eu, o que posso dizer é que as minhas experiências homossexuais foram sempre muito decepcionantes do ponto de vista afetivo. A última vez, na famosa noite no Bosque de Bolonha, esperava que a relação que ia ter com aquele travesti, fosse também uma ocasião para falar, conhecer. Mas ele foi embora logo a seguir. Fiquei completamente sozinho... É verdadeiramente sintomático: fazes tudo o que podes para quebrar a solidão e estás sempre sozinho. E quando começas a fazer besteiras, tens sempre que fazer mais, porque te sentes cada vez mais sozinho... O que mudou na vida de vocês depois que tiveram uma experiência com Deus? Jean : - Tudo. Converti-me durante a missa de Natal. E a partir desse momento, tudo se desbloqueou na minha cabeça. Numa cama de hospital, com 40 graus de febre, escrevi uma carta de amor à minha mãe. Ela logo veio ver-me no hospital com o meu pai, e nós nos reconciliamos. Agora, tenho uma vontade louca de os conhecer, de os amar. Porque, de fato, não os conheço! E ainda mais um pormenor: eu roía as unhas desde os 10 anos porque era muito nervoso. Há três meses que não o faço!
Michel : - Eu também mudei: antigamente era duro, agressivo,
não me preocupava com os outros. Agora, tenho vontade de os conhecer,
de os amar tal como são, mesmo com os seus defeitos. E como é que vocês vêem a vida de vocês, agora? Michel : - Para mim, é muito simples: sei que a minha única salvação é o Amor. Só acreditando no Amor terei a coragem de viver. Às vezes penso que talvez nunca fique doente, que dentro de cinco ou seis anos terão encontrado um remédio, e poderei refazer a minha vida desde já... Nada é certo, mas rezo por isto. Jean : - Nós estamos doentes, pode acontecer de morrermos dentro em breve, mas posso dizer-lhe que estamos muito felizes por viver, e é a primeira vez que isto nos acontece! |