50 questões
50 questões
Quando não se conhece o
futuro, ter filhos é uma
loucura, não é?

Muitas pessoas se interrogam hoje em dia sobre esta questão. Chegamos mesmo a compreendê-los quando nos deparamos com os grandes problemas do nosso mundo: a crise econômica, o deterioramento ecológico, o subdesenvolvimento, etc...

Mas esta questão não se resume nisso. De uma certa forma, ter filhos é sempre uma loucura, é um salto no desconhecido. Será que vamos ser capazes de os educar, de lhes dar o necessário - material mas também espiritual - para viverem? Dar-nos-ão eles os meios de sermos felizes? E outras. Ora, de fato, estas interrogações voltam-se para nós mesmos: Seremos nós felizes? A nossa vida tem algum sentido? Se não, como poderemos dar a outros esta vida da qual nós próprios não gostamos?

Se dar a vida é sempre uma loucura, é também - e talvez acima de tudo - um ato de confiança. De confiança no homem que é capaz do melhor. De confiança na vida, e para o cristão, na Vida que é o próprio Deus. De fato, a partir do momento em que um homem e uma mulher dão origem a uma nova vida, o próprio Deus, está aí implicado. A partir desse instante esse novo ser é objeto da Sua atenção, do Seu amor.

Esta existência que começa não se limitará apenas a algumas dezenas de anos de sofrimentos e/ou alegrias. Ela é chamada a não ter fim. Ela é chamada a ser feliz por toda a eternidade. O Homem e a Mulher dão a vida para a eternidade! Ora, se isto é verdadeiramente assim, dar a vida não é uma loucura: é o mais belo presente que podemos imaginar!

Testemunho

Eu tinha 19 anos quando o meu pai deixou a minha mãe para ir viver com outra mulher. Este fato perturbou-me profundamente. Logo no início culpei-me pelo sucedido. Preciso dizer que as únicas discussões de que fui testemunha entre o meu pai e a minha mãe tinham sido causadas por algumas das minhas atitudes de adolescente. Daí a concluir que eles se separavam por minha culpa, foi um passo... Compreendi mais tarde que não era nada disso, que eu tinha apenas revelado um problema que já existia na sua relação.
Além disso, tinha vergonha de ser filho de divorciados. Não ousava dizer a ninguém, nem mesmo aos meus melhores amigos, aquilo que se tinha passado em minha casa. Um grande medo se apoderou então de mim: poderia me casar? Quereria alguma moça alguém como eu?
Não estaria eu condenado a fracassar no meu casamento, uma vez que todos me diziam que eu era parecido com o meu pai?
Por essa altura encontrei uma moça e uma amizade nasceu entre nós, mas ainda faltava contar-lhe a triste verdade. Eu estava convencido de que isso seria o fim da nossa relação...
Para meu grande espanto ela disse-me simplesmente: "Como deves ter sofrido!"
Foi o princípio da minha cura.

Alguns meses mais tarde declarávamos o nosso amor... enfim. Para dizer a verdade, foi ela quem deu os primeiros passos, pois o medo de um fracasso ainda me paralisava.

Depois casamos e fundamos uma família. Hoje temos cinco filhos. O amor e a confiança da minha esposa ajudaram-me a curar os meus medos e a ver a experiência da separação dos meus pais de outra maneira que não a de uma fatalidade. Agora estamos casados há vinte anos. Juntos educamos os nossos filhos. Juntos tentamos dar-lhes o melhor de nós mesmos. Juntos testemunhamos-lhes o nosso afeto - enquanto o meu pai sempre tinha sido muito reservado nesse campo.
A minha esposa e os meus filhos fizeram-me descobrir que eu podia ser verdadeiramente esposo e pai, na alegria e sem medo.

Vincent


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